quinta-feira, 24 de abril de 2014


​As vezes a dor chega a ser física, por perdas que tive culpa, por outras que não tinha como não errar, por outras que não errei e mesmo assim fui largado para trás no deserto, e outra que eu jamais merecia sofrer, pois dei o meu melhor.
Essa música diz muito, muito disso que sinto aqui dentro, que vai aos poucos tragando minhas forças, minando minhas esperanças, cortando o fio de esperança em coisas simples que todos podem ter e quase todos tem, mas parece que me são negadas, por mim mesmo, por algo, por alguém...


 

If Tomorrow Never Comes

 

 

Sometimes late at night
I lie awake and watch him sleeping
He's lost in peaceful dreams
So I turn out the lights and lay there in the dark
And the thought crosses my mind
If I never wake up in the morning
Would he ever doubt the way I feel
About him in my heart
If tomorrow never comes
Will he know how much I loved him
Did I try in every way to show him every day
That he's my only one
And if my time on earth were through
And he must face the world without me
Is the love I gave him in the past
Gonna be enough to last
If tomorrow never comes

'Cause I've lost loved ones in my life
Who never knew how much I loved them
Now I live with the regret
That my true feelings for them
never were revealed

So I made a promise to myself
To say each day how much he means to me
And avoid the circumstance
Where there's no second chance to tell him
how I feel

So tell that someone that you love
Just what you're thinking of
If tomorrow never comes

domingo, 30 de março de 2014

Soneto 18: Aceite




Soneto 18

É preciso admitir, diria mais, é preciso admitir e aceitar quando se é vencido, seja por que força for.

Dias atrás, sentado em um banco de uma praça qualquer, assistindo a vida passar da mesma forma que ali o sol mostrava que inevitavelmente os dias passam, o tempo corre, a vida se escoa lentamente entre nossos dedos, forçosamente comecei a ouvir a fala de um homem de meia idade, talvez com seus 40 anos, que tinha como ouvinte uma Sra., que nitidamente já havia perdido muito da areia da nossa ampulheta que a vida nos dá. E o assunto, ainda que eu não tenha tido intenção de invadir aquele diálogo, que mais era um monologo, me prendeu ao ouvir que ele falava sobre o Bardo, e parecia de fato conhecer sua obra, pois ela estava muito além da mais famosa obra escrita, onde Julieta se mata juntamente com seu amado porque suas famílias eram inimigas e tal amor não era só proibido, mas impossível de se realizar e viver. Dizia ela que havia ido até uma papelaria – uma palavra que nos dias de hoje de email, internet, algumas pessoas mais novas, se quer sabem o que se vende ali, e havia escolhido de papel e um envelope na cor bordeaux – como bem disse ele à sua ouvinte: “afinal, é preciso ter cuidado com os detalhes, e ela merecia o meu tempo em ir até a papelaria, escolher o papel exato e a cor exata do envelope”, onde a Sra. o interrompeu dizendo que na “minha época esperávamos literalmente o carteiro passar em nossa casa, com a esperança de que alguma carta havia sido nos enviada, mas hoje dizem que se pode fazer isso – entendi o que ela dizia claramente – mandar uma carta por computador”, e ele seguindo após esse breve e gentil interrupção da sua ouvinte, dizia “e me sentei à minha mesa, peguei minha melhor caneta para que a minha letra tão ruim, não fosse tão ruim e fosse a melhor que eu conseguisse impregnar no papel aquilo que eu tinha a dizer, e mesmo que fosse urgente o que eu tinha a dizer, podendo enviar um email – eis a óbvia explicação da carta enviada pelo computador, que à ela soava muito estranho – eu quis que ela soubesse que eu retirei do meu tempo naquele dia, um momento especial, em ir até a papelaria, escolher o papel e a cor exata do envelope e colocar em palavras o que estava me sufocando quase de morte”. Não pude mais deixar de não ouvir, e creio, quase tenho certeza, me virei para eles que estavam sentado em um banco grudado ao meu. Na posição na qual nós três nos encontrávamos, eu estava de frente para eles, e pela proximidade não só podia ouvir suas palavras, ditas ainda que com um tom de auto deboche, soavam através dos seus olhos, como uma lamentação por uma perda definitiva: os olhos dele, não eram amargos, não tinham brilho, tinham sim uma profunda consternação e até mesmo, isso aos meus olhos, uma dor profunda sendo contida com um sorriso falseado. E dizia ela, para aquela Sra. já com muito menos tempo pela frente do que o tempo que ela já havia deixado para trás, que o ouvia com um olhar de ternura e simpatia, ainda que fosse, pelo o que notei e ficou claro depois, serem dois completos estranhos, conversando pela primeira vez ... e dizia ele que, após ter feito toda esse ato, que segundo ele mesmo disse, soaria até ridículo, "eu um homem adulto, indo comprar papel e envelope, sentando e escrevendo uma carta de amor, indo até os correios e me sentindo um tanto quanto desconfortável, diria constrangido ao ser atendido por uma garota que demonstrava em seu rosto, não ter nem a metade da minha idade, o seu olhar de espanto em ver que se tratava não de uma carta comercial, mas uma carta, dessas que ela, a atendente nunca deve ter escrito em sua vida, e até mesmo recebido”, e eu preso ali a aquela história que não era minha mas a furtava de forma quase descarada, primeiro tendo sido atraído pelo nome do Bardo e depois ter me envolvido naquela conversa, ainda que tão somente como telespectador, pelo conhecimento daquele homem sobre o Soneto 18. A Sra. não o interrompia, antes, só o ouvia e com sinais dados pela cabeça, de aprovação, de reprovação e os claros sinais que nossos olhos transmitem, o ouvia com atenção e até mesmo carinho. E continuava ele a dizer, “e pus naquelas três folhas o que eu sentia, e o meu pedido claro em fazer parte da vida dela, e juntei ao final o Soneto 18 de Shakespeare, para que ela o lesse e tivesse, ainda que só através de letras conectadas, de papel, a real dimensão do meu mais profundo e verdadeiro sentimento”. A tal Sra. disse que desconhecia tal Soneto, e mais, disse que pensava que Shakespeare fosse só autor de livro de histórias, e de forma solene e gentil, ela disse, “perdoe a minha ignorância sobre o Soneto 18 do qual está falando”. E ele, demonstrando uma memória prodigiosa, o declamou ali para aquela sua ouvinte, sem errar uma só palavra ou letra: digo isso, pois eu conhecia também o Soneto 18 de Shakespeare, dos mais de 100 Sonetos escritos por ele. Naturalmente, ele declamou tal Soneto em nossa língua e não em Inglês, e ainda que em nossa língua, havia uma clara dificuldade, há, de se compreender as palavras redigidas sob rígida estrutura, por ser um poema escrito há mais de 400 anos, ainda que ditas em nossa língua. E o que poderia ter sido um problema para o falante em relação à sua ouvinte, antes, resultou em uma maior atração. Ela se reclinou um pouco mais em direção à ele, o interrompendo, novamente de forma terna, falando que antes “se falava mais bonito, e quando fui menina e estudava com as freiras” – não me guardei de qual escola ela falava – “ tínhamos aula até de latim e usávamos a mais correta possível forma do nosso tão massacrado português nesses dias de cartas de computador”: entendi que o Soneto 18, sendo por ele declamado, era na versão traduzida tendo como destinatário uma mulher, pois Shakespeare não diz para quem são as palavras, se para um homem ou uma mulher, como se dissesse de forma brilhante, como sempre o fazia em suas peças e em seus sonetos, que o que era por ele dito poderia vir a ser dito de um homem para uma mulher ou de uma mulher para um homem, pois tratava-se de algo universal. E continuando ele, nós ali naquela praça já agora sobre a falsa luz dos postes por já ser escuro por mais uma volta nossa ao redor do sol, tendo declamado o Soneto 18, o que ele havia enviado em um papel escolhido dentre vários, e não um papel qualquer comprado em uma resma, e “tendo escolhido um envelope com a cor que ela dizia que era sua favorita, enviei, e tendo enviado, voltei aos meus 15 anos, quando escrevia cartas para amigos e amigas, e depois aguardava dias pelo carteiro com a resposta em suas mãos, e passei a esperar que o tempo natural da carta se fizesse”. E eu cada vez mais curioso com aquela história, de um homem de meia idade, olhar triste, guardando dentro de si dores, que ainda que tentemos falsear escondendo com sorrisos pré criados, somos denunciados pelo olhar, não liguei mais se invadia ou não o diálogo dos dois e passei realmente a interagir, ainda que sem interação alguma além dos meus olhos e toda a minha intenção, com aquela história. E pensei, que homem estranho esse, ir até uma papelaria para comprar papel, e não só isso, escolher o tipo exato, como ele havia dito exatamente com essas palavras, e escolher um envelope vermelho, uma vez que conhecia a palavra bordeaux e sabia que significava algo da cor de um vinho tinto, literalmente, escrever uma carta de amor, e nela colocar um dos mais belos dos mais de 100 sonetos do Bardo, enviar e esperar que a carta chegasse – segundo ele mesmo contava para sua ouvinte – atravessando metade do país para chegar nas mãos de uma mulher, quando ele poderia simplesmente fazer uma ligação do seu celular ou mandar um email. A tal Sra., ouvindo cada palavra do seu falante, como eu mesmo o fazia agora, mudou sua expressão, quando ele continuou falando... “e depois de mais de uma semana, de agonia, esperando que as essas palavras pudessem demonstrar todo meu afeto, carinho e amor por ela – citando o começo do Soneto, novamente – “”Se te comparo a um dia de verão, És por certo mais belo e mais ameno...”” “ela em uma ligação de menos de 2 minutos, na qual toda a sua ternura de antes, onde cuidava até em escolher as palavras para falar comigo, e juras de amor e construção conjunta de sonhos, me disse que se quer havia lido tal carta, que havia rasgado sem lê-la, e que não acreditava e tão pouco se importava se o que eu dizia, era verdade ou não, mas que era pra eu seguir a minha vida pois jamais iríamos ficar juntos”. Seus olhos, os mesmos que antes tinham dor e sofrimento, mas ainda estava secos, marejaram e sua voz se tornou mais baixa. Mesma reação teve a Sra. em seus olhos. A mim, ainda que soasse estranho a história de mandar uma carta... quem manda cartas tendo email afinal? quis mais do que nunca saber o final daquela história, que só peguei a metade. E ele, agora falando com uma voz desnuda de máscaras ou fingimento, ali para aquela estranha, e ainda que não fosse sua intenção, para mim também, falava mais pausadamente e com pesar. “Quando ela me disse que não acreditava em mim, ainda que eu tivesse sido tão honesto e sincero com ela, ainda que eu tivesse tentado ser o melhor possível para ficar com ela e merece-la, merecer o seu amor, que não se importava se o que eu dizia sentir fosse verdade ou não, pois para ela o que antes era uma certeza de vida ao meu lado, e como eu, era o seu desejo de ser o meu dia a dia, já não pensava mais assim e portando, com Soneto ou sem Soneto, com carta ou não, não iríamos ficar juntos”. Ele parou, desviou o olhar para o chão e por algum instante, nenhum de nós falou nada, eu obviamente por ser um intruso ali naquela história, e a Sra. com os olhos voltados para o tal homem da carta escrita à mão em papel escolhido guardada dentro de um envelope na cor bordeaux, como se fosse íntima dele, estendeu sua mão, enrugada pelos anos, e de forma muito suave a colocou sobre as dele que estavam em posição de quase oração, juntas com os dedos entrelaçados. E aquela cena, ali naquela praça, onde tantas pessoas passavam, voltando do trabalho, indo para alguma aula, se exercitando em aparelhos dispostos como se fossem uma academia à céu aberto sem mensalidades,  tornou-se para nós três, eu como intruso, ele como o narrador e ela como a ouvinte, um quadro em minha mente, onde tudo ao redor acontecia mas não era por nós se quer percebido. E aquele instante, que dependendo do ponto de vista, durou segundos, ou durou horas, foi novamente interrompido o silêncio através da voz dele. “Eu pensei, que fosse amado por ela, pois ela me dizia, e pensei que fosse amado por ela da mesma forma que ainda a amo, mesmo tendo passado tanto tempo desde essa fala que me cortou não só o meu coração que antes se alimentava não mais tão somente de sangue, para com isso nutrir meu corpo, mas se alimentava, me alimentava dela, do seu amor, do seu carinho e cuidado, do seu olhar que me mostrava que ali estava o que eu sempre havia buscado por toda uma vida. Eu pensei que a tal carta que tanto espanto despertou na garota do correio ao ver uma carta não comercial sendo enviada para um lugar tão distante de onde eu estava, emprestando as palavras de Shakespeare, eu pudesse tê-la novamente e pudéssemos seguir juntos na vida. Mas não foi isso que aconteceu”. A Sra. agora com um tom na voz que passava carinho e até mesmo uma proposital atenção quanto a história do homem do envelope bordeaux com o Soneto 18, disse simplesmente. “Às vezes é preciso aceitar que não irá acontecer, e que ainda que tenhamos dado o nosso melhor para o outro, não há garantia alguma de retorno, e se você meu filho fez o seu melhor, orgulhe-se disso. Se tais palavras desse poema que me recitou e eu desconhecia, mas que conheci através de você aqui agora nesse banco de praça, que falam de amor puro, de promessas de amor até o fim não foram suficientes, a culpa não é sua. Cada um de nós, e posso falar isso já mais perto da morte do que da vida, com meus 86 anos, escolhe o caminho que irá trilhar e sempre, acredite – ela agora segurando de forma firme nas mãos do narrador – sempre pagamos pelas nossas escolhas, boas ou ruins. Na vida não há nada de graça. Ela fez a escolha dela e não aceitar o seu amor, como antes lhe dizia, como me disse, que o aceitava e alimentava e dele também se alimentava, foi a escolha dela, e pode ser que você jamais venha a saber por qual até quais motivos. Não se martirize, não deixe que a morte desse amor lhe mate por dentro ainda que siga vivendo. Se você deu o melhor de você para ela, orgulhe-se disso. Mas aceite que as vezes nem com as mais belas palavras, assim como essas desse seu Soneto 18, e com as mais puras e claras intenções, se consegue chegar e ficar no coração de uma pessoa.”

A título de explicação e por realmente gostar desse Soneto, que até foi musicado por David Gilmour, um dos 4 do Pink Floyd, transcrevo aqui no original em inglês e a tradução feita tendo como destinatário uma mulher (por ter sido enviado pelo homem da carta escrita à mão e fechada em um envelope de cor de vinho) e sua versão em português. (em uma tradução que não é minha), lembrando que se trata de um poema (algo que é muito complexo de ser traduzido) e escrito há mais de 400 anos.


Sonnet 18

Shall I compare thee to a summer's day?
Thou art more lovely and more temperate.
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer's lease hath all too short a date.
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimmed;
And every fair from fair sometime declines,
By chance, or nature's changing course, untrimmed;
But thy eternal summer shall not fade,
Nor lose possession of that fair thou ow'st,
Nor shall death brag thou wand'rest in his shade,
When in eternal lines to Time thou grow'st.
 So long as men can breathe, or eyes can see,
 So long lives this, and this gives life to thee.

-                     William Shakespeare -



Soneto 18

Como hei de comparar-te a um dia de verão?
És muito mais amável e mais amena:
Os ventos sopram os doces botões de maio,
E o verão finda antes que possamos começá-lo:
Por vezes, o sol lança seus cálidos raios,
Ou esconde o rosto dourado sob a névoa;
E tudo que é belo um dia acaba,
Seja pelo acaso ou por sua natureza;
Mas teu eterno verão jamais se extingue,
Nem perde o frescor que só tu possuis;
Nem a Morte virá arrastar-te sob a sombra,
Quando os versos te elevarem à eternidade:
Enquanto a humanidade puder respirar e ver,
Viverá meu canto, e ele te fará viver





sábado, 29 de março de 2014

עללע

lamento quem está no polo norte, de frente pro norte, assistindo as luzes do norte, e não se dá conta do espetáculo que vê.... ele um dia vai se arrepender de ter perdido esse show


seis de outubro de 2013
עללע

"Quando eu soltar a minha voz
Por favor entenda
Que palavra por palavra
Eis aqui uma pessoa se entregando
Coração na boca peito aberto


set 13

someday?
i hope so, with basil!

someday?
i hope so, with basil!
 
3 10 13
 
 
(como diz o ditado chines: cuidado com aquilo que tu desejas, pode ser que se realize: e realizou-se: eu fui; paguei pra ver, não me furtei, acovardei, me intimidei: fui e se fosse possível voltar no tempo, mesmo sabendo do resultado final, iria outra, e outra, e outra.... vez. ) 29 03 14

Foto de ‎פנריסיו רוממל בארסללוס‎.
Foto de ‎פנריסיו רוממל בארסללוס‎.
Foto de ‎פנריסיו רוממל בארסללוס‎.
Foto de ‎פנריסיו רוממל בארסללוס‎.
"Well, I know this little chapel
On the boulevard we can go
No one will know
Oh, come on girl"

 
2 10 13
(8 DIAS DEPOIS DA PRIMEIRA CONVERSA)
Nunca tive NADA fácil na vida; raras vezes, uma ou duas no máximo tive a mão de alguém estendida para me ajudar apoiar e até para me levantar e desta pessoa jamais irei me esquecer.

Mas aprendi, que nada que vem sem luta... fácil demais, não damos valor, não tem valor, e não é valorizada.

Por algum motivo que ainda não entendi, sempre escolho o caminho com mais pedras, mais íngreme, e ainda que eu não consiga seguir até o fim, NÃO DESISTO.

Ninguém disse que será fácil. Tão pouco o fácil me atrai.

2 10 13