sexta-feira, 28 de março de 2014

A vida é uma linha que forçosamente é curvada o tempo todo pela gravidade da própria vida: felizes os ignorantes que pensam que pode controla-la, que ela é uma linha reta, que suas ações não terão preço e consequências... nada mais acalentador do que a ignorância, ela dá aos quem os tem, a falta de noção de quem são.

14 08 13
Adoro mulheres miopes: elas te chamam de lindo! :)

9 10 13
Me dei conta de uma conexão interessante agora: sempre ADOREI uma música dos Engenheiros, que eles mesmos nunca mais a tocaram (ao menos em album algum ao vivo): Anoiteceu em PoA.

No mínimo interessante.

13 10 13
Nitidamente você está triste hoje, calada no seu canto, lenta, melancólica, e mesmo sem te ver, só te lendo, eu vi. Isso é invenção? é fantasia? NÃO!! É real, é concreto, senti a sua tristeza, seu vazio, e notei a sua tristeza nesse dia, notei e senti sua ausência.

Me perdoa por prestar tanta atenção em você, mas infelizmente não sei mais não prestar e me preocupar, pois a amo.

13 10 13
"A expectativa que de que aja uma fórmula para a vida e fonte de tantas das nossa decepções. Que tal de peito aberto? Aberto pro mundo, encarar o mundo como ele é? No seu ineditismo, na sua virgindade, na sua irrepetibilidade, e saber que sem fórmula nenhuma tamos aí, diante de um mundo extraordinariamente competente pra te entristecer. Mas aqui é ali, também capaz de te proporcionar grandes alegrias, grandes surpresas, momentos que você gostaria que nunca mais acabasse. São esses momentos que a gente persegue e que farão da vida sempre uma coisa digníssima de ser buscada e fantástica de ser vivida."

Prof. Dr. Clovis Barros Filho
2013

Preciso conter o MONSTRO que há dentro de mim. Matá-lo? Não, pois isso seria mudar a minha essência, e como já disse a Ucraniana (e é a segunda mulher que realmente ouço na vida), até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Mas preciso aprender a contê-lo, por mim mesmo e para não perder essa chance ÚNICA na vida.
 
22 10 13
Prezado Senhor (seja o senhor que for), a fim de lhe facilitar nessa multiplicação, pode elevar pra 10 potência o que eu tenho hoje. Preciso comprar um Frans Café ou um Starbucks, ou quem sabe um Outback, acho que combina também.

23 10 13
עללע
Nos canhões espanhóis, era gravado: ultima ratio regis (último recurso real): quando a diplomacia, as conversas chegam ao final, afinal, tudo tem limite, é HORA de ir pra guerra. Isso não é ser beligerante, mas sim é DEFENDER quem se é, e seus direitos. Como disse a Ucraniana, nada mais "Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma num boi? Assim fiquei eu... em que pese a dura comparação... Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus grilhões - cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também minha força. Espero que você nunca me veja assim resignada, porque é quase repugnante... pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo aquilo que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma


2 NOV 2013
É PRECISO AMAR COMO SE NÃO HOUVESSE O AMANHÃ, POIS NÃO HÁ O DIA SEGUINTE, NUNCA HÁ. FAÇA O QUE TIVER QUE FAZER AGORA, HOJE, SENÃO IRÁ SE MARTIRIZAR ETERNAMENTE POR NÃO TER FEITO: O TEMPO NUNCA VOLTA E SEMPRE, SEMPRE COBRA.
E NADA MAIS CORROSIVO DO QUE O TEMPO.
16 11 13
"Estou cansada, cada vez mais incompreendida e insatisfeita comigo, com a vida e com os outros. Diz-me, porque não nasci igual aos outros, sem dúvidas, sem desejos de impossível? E é isso que me traz sempre desvairada, incompatível com a vida que toda a gente vive." - janeiro 13, 2011 -
Quase 19h, mas ainda há luz, mesmo que o dia tenha sido nublado e agora o que vejo são nuvens baixas. Nessa latitude, na costa do Brasil, o horário de verão estica os dias e encurta as noites. Às vezes acho que isso seja bom, mas agora se tornou um tormento suportar tantas horas até poder chegar a noite e dormir e esquecer. É tudo que quero gostaria nesse momento, esquecer, apagar da minha memória cada detalhe, cada hora, cada toque, cheiro e sentimento, mas todos eles insistem em viver aqui dentro, insiste em tomar cada parte da minha alma, cada minuto dos meus pensamentos. Tenho não só uma vela avariada, mas muitas partes já além de gastas, estragadas pelo tempo, pelo mar que não perdoa, não se intimida, não se apieda. Não é mais o mesmo barco que há um tempo se lançou ao mar e nele levava uma vida inteira no seu pequeno interior, em forma de lembranças e fotos do meu filho, dois cachorros fieis e sempre vigilantes, e uma mulher de pernas grossa, cabelos longos, formas generosas e desenhadas como ondas do próprio mar. Tudo se perdeu em muito pouco tempo, mas talvez tenha levado tempo demais até que tudo tenha se perdido, se deteriorado, destruído até, afinal, nada mais relativo do que o tempo.
Sigo só agora. Há tempo os dois labradores morreram. Há tempos minha inércia, fraqueza e covardia me distanciaram do meu filho, talvez de maneira definitiva, com uma distância maior do que a do Oceano que acabei de cruzar e deixei á oeste. Sou o único responsável por essa perda e em vida pagarei por isso: não morrer, mas continuar vivo para se lamentar e sofrer pelos erros.
Estou cansado. Não um cansaço físico, mas uma falta de forma em continuar, em seguir adiante, mesmo sem saber pra onde se tivesse forças para seguir. Espero mais alguns instantes até poder descer e tentar dormir, ou simplesmente parar de pensar. Longas horas de luz e curtas horas de noite.

Na minha mente só existe o eco da sua voz forte, grave, marcante. Em mim continuou a sua falta constante a cada hora do dia: ela não mais dorme semi nua ou quase sempre completamente nua como fazia envolta sempre em uma manta verde, na nossa cama, onde por tanto pouco tempo ela esteve. Mas sigo vendo suas formas, suas pernas grossas, seus cabelos longos, seu sorriso logo ao acordar e sua voz que trazia vida e sentido para tudo que era a minha vida. De alguma forma ainda espero todas as vezes que desço encontra-la já deitada adormecida... mas a verdade sempre é maior do que os sonhos e ilusões: ela se foi.
Percorri 20 anos, milhares de milhas para encontra-la, sem me dar conta que era ela quem eu sempre busquei e procurei. Estive em todas as partes e jamais me senti bem mais do que uma hora, às vezes bem menos, desejando ir logo embora, mas sabia que buscava alguém. Jamais pude imaginar que seria ela, justo ela. Mas era, é.
Olho para o alto e vejo que a noite será de vento forte e ondas altas, isso irá apressar a viagem, mas não tenho para onde ir, não tenho para quem voltar, não preciso de velocidade.
Nada mais faz sentido quando, ainda que por uma fração de tempo da sua própria vida, se teve tudo que se desejava ter: é impossível buscar algo novo quando já se teve aquilo que a vida poderia lhe dar de melhor. Agora me contento com as lembranças, com o sonho vivido, com as poucas horas passadas ao lado dela. Por vezes me veem um sorriso quando penso que ela esteve comigo, que pude tocar suas mãos, seus cabelos, seu corpo, sua boca... isso de certa forma me alimenta, mas infelizmente cada dia mais me nutre menos e menos.
Finalmente a noite toma conta do horizonte, e sem estrelas e com lua minguante e chuva, não vejo nada além de poucos metros de mim mesmo no convés. Desço e me deito na esperança de dormir logo, de logo parar de pensar, lamentar. Mas meus pensamentos não conseguem deixar meu corpo descansar. Eles insistem em viver, em girar como um turbilhão dentro da minha cabeça fazendo meu corpo simplesmente se cansar ainda mais, fazendo minha alma doer e meu coração sangrar. Ele já sangra há mais de duas luas cheias, e não sei quanto mais posso sangrar.
Adormeço exausto de pensar, de tentar entender tudo o que se passou, lamentando por todos os minutos em que eu pude tocar em suas mãos e não o fiz, em todas as vezes em que poderia te-la beijado e não o fiz, em todas as vezes que poderia ter tido seu corpo e não o tive. Lamento não por não ter feito tudo isso, pois fiz, a beijei, a toquei, ouvi a sua voz alta e grave, toquei em seus cabelos e em seu corpo, tive inúmeras vezes suas pernas como sempre sobre as minhas, mas agora me parece que poderia ter feito mais, tido mais dela... tempo, a maldita dimensão que nos tira lentamente o pouco que temos e nos faz lamentar pelos segundos que nos foi dado e tirado.

Acordo com o movimento violento do mar jogando o que resta do barco contra as ondas. Chove forte e tudo é escuro como o bréu.
Me lembro dela novamente deitada, suas pernas grossas, seus cabelos longos, e o verde esmeralda de seus olhos que brilhavam logo pela manhã quando me olhava: naquele instante, naquele exato instante quando ela acordava ao meu lado, eu vivia a vida da forma mais plena, pois era ela quem estava ali: nada me faltava, nada me sobrava.

Sigo rumando cada vez mais subindo a costa, sem rumo, sem um porto para onde ir, para quem ir.
Nessa madrugada fria, de chuva e tempestade, a noite escura é sutilmente cortada pela luz no alto do mastro, e pela luz de popa onde ainda se pode ler algumas letras que a tinta resistiu do nome do barco, já não se pode ler seu nome no barco, só restaram lembranças e saudade.

Não tenho mais nada.

Janeiro 2013
“Já são pouco mais de 5 horas da manhã e o dia já começou a nascer. Os dias são assim no Pacífico Sul durante o verão.
Gosto de ver o sol nascer, o dia começar. Gosto de dormir tarde e acordar cedo. Isso me mostra que minha depressão esta cada vez mais distante de mim. Tento com isso viver mais os dias da minha vida, como se pudesse no final roubar ao menos algumas poucas horas das que me foram reservadas viver. Já perdi muito tempo não vivendo.

Sopra um vento de pouco mais de 11 nós de popa o que faz com quem as Ilhas Marshall fiquem para trás a um ritmo bom.
Esta frio. O sol nascendo começa a roubar calor do ar e do mar, mas não tão frio assim. Basta um agasalho, e estou descalço... gosto de sentir o contato do piso de Teka ainda úmido sob meus pés.
O cheiro do mar é constante, mas também sinto o aroma do meu chá sendo exalado, quente na minha caneca posta bem ao alcance da minha mão direita. Preciso de algo com gosto forte e quente para me despertar de vez. Gosto destes dois aromas.

Os dois Labradores me fazem companhia no deck... sempre me acompanham, isso já há uns 4 anos. Acostumaram-se com o balanço do barco e se sentem mais seguros no mar do que em terra. Hoje em dia já não preciso vigia-los o tempo todo quanto a saltar na água: já aprenderam que não se pode com o barco em movimento; não mais fazem isso.Um esta deitado, dormindo novamente, o outro, esta bem aos meus pés, perto do timão do barco.

Estamos com as velas cheias, mas ainda não icei a balão... isso nos levaria mais rápido, mas também faria o barco jogar mais... mas não temos pressa. Essa é a beleza e a magia do mar, não se pode ter pressa, e ele te ensina que não se precisa ter. A vida tem seu ritmo. “Não apresse o rio, ele corre para o mar”.
Temos ainda pelo menos 20 horas nesta perna até o próximo porto. Isso se o vento se mantiver bom e não mudar pra proa.

Pode-se prever que o dia irá ser quente e com bons ventos... o sol nascendo atrás da popa já dourou parte do céu e essa luz toda em contraste com o azul do mar da Micronésia é um espetáculo. À frente ainda esta escuro, mas atrás já se tem luz. Um espetáculo, que agora, somente me tem como espectador.
Não me sinto só, ao contrário, me sinto vivo.

Nesse momento, somente meu, sinto que a vida flui de forma tranquila. Não me atravessa, não me atropela e nem eu tento freia-la. Sigo na sua marcha. Uma sensação de paz me toma quando olho ao redor e vejo que estou vivo aonde gostaria de estar. Sinto a vida sendo de fato vivida quando me dou conta de onde estou e onde já estive. Sabe-se que esta vivendo quando se adentrou os portões do Inferno, e no alto se leu, em negras letras, os dizeres para “se abandonar toda a esperança vós que entrais”, e se conseguiu sair de lá.
Tenho todas as esperanças.
A paz me toma a alma. Meu coração bate no ritmo das ondas que quebram de modo quase suave contra o barco.

Não existem ruídos, mas somente sons. Os sons que somente um veleiro produz no mar. As velas azuis e brancas sendo cheias pelo vento que as empurra... a água sendo cortada pela proa vermelha do barco, sendo jogada na lateral e espirrando sobre o deck. O ranger inconfundível do barco. Existe uma harmonia entre todos eles. Cada um sabe o seu momento exato de soar.

Na cabine, uma mulher, seminua, ainda dorme.
Seu rosto não pode ser visto, pois seus cabelos estão caídos sobre seu rosto.
Mas me lembro de suas pernas grossas e suas curvas generosas. Podem ser vistas nas nuvens que começam a surgir, como nas brincadeiras de crianças em se encontrar formas nas nuvens.
Somos amigos, somos amantes. Acima de tudo, somos amigos.
No mar se deve estar ao lado de quem se de fato se quer estar.

Lembro-me do meu filhote e a paz que existe em mim nesse momento não pode ser contada ou mensurada, tal como não se pode contar o número de estrelas que agora deixam de aparecer no céu... tal como não se pode mensurar o tamanho do Universo. Este é o limite do meu amor por ele.
Sei que somente suas fotos, seus escritos, suas cartas e e-mails estão por aqui agora, em cada canto do barco, mas sei que ele sempre esta onde sempre esteve: dentro do meu coração e impregnado na minha alma.

Agora mais do que nunca, estou em casa.”

Abril 2006